segunda-feira, 27 de maio de 2013


Vai, menina. Desabotoa essa raiva, rasga essa angústia, berra tua indignação. Mas preserve seu coração deste veneno. Não intoxique seu sorriso com essa dor. Chore as lágrimas mais honestas que estiverem embargando tua voz, enrugando tua face, mas livre-se deste entrave.
Vai, menina. O mundo não magoou você, mas o egoísmo arranjou uma brecha para te atingir. Reposicione-se, retome suas forças, empurre este inverno para bem longe daqui.
Não vês que doer não é pecado? Mas abra espaço para respirar, você ainda pode dançar e crescer. Você ainda pode permanecer onde está ou desaparecer. Você pode fazer tudo o que for cura para tua tristeza, mas não a embrulhe nesta tua delicadeza.
Vai, menina, grite para o vento que já doeu demais, que você quer viver agora outro momento. Que você está pronta para receber a paz.
— Marla de Queiroz

Acho que Marla tem toda a razão. A gente guarda tanta coisa que vai se amargurando, se angustiando se indignando e tudo acaba mais difícil do que é. A gente tem que aprender a deixar o que sentimos aflorar vez ou outra. 
Esses dias eu resolvi por meus sentimentos em ordem- é , eu sou assim, haha. Sou toda metida a forte, tento bastante equilibrar tudo o que sinto mas vez ou outra enfio o pé na jaca. Enfim, eu fui tentar por toda a minha angustia pra fora e foi difícil. Parece que eu tinha guardado tanto aquilo dentro de mim, tentando deixar transparecer apenas o que há de bom, que senti dificuldade em deixar aflorar. Então pus um disco do Ellioth Smith, que geralmente me faz sentir na pele suas crises e deixei pra ver no que dava. Fazia um bom tempo também que não sabia o que era chorar. De novo, tudo culpa da minha mania de ser forte. De querer aguentar o mundo nas costas o tempo inteiro. E é preciso descansar. Então, aos poucos, foi fluindo. Eu deixei tudo que me açoitava por dentro vir a tona e chorei, chorei, chorei. Senti vontade de gritar pra todo mundo se foder da minha janela, deixe todo o acumulo no meu peito sair. E cara, depois de passado eu senti um alívio inacreditável. Sabe, é como eu disse. A gente tem que por os sentimentos em dia. Todo mundo aprende que ser bom é a melhor coisa pra ser feliz e é verdade. Mas todo mundo sabe que a gente tem um lado escuro. E a gente tem que aprender a lidar com ele. Tanto com os sentimentos bons quanto com os ruins. Então deixa aflorar. Se a gente guardar, guardar, isso vai nos consumir. Vai nos tornar tudo que guardamos. Então tira um momento pra você deixar isso explodir. No teu quarto, na tua cama, na hora do banho, num momento que se sentir confortável pra descarregar. Faz isso. E depois você vai ver se não vai se sentir leve. Pra sentir tudo que há de bom, respirar fundo e sentir paz. Funciona. 

terça-feira, 7 de maio de 2013


''A praia estava cheia de um vento bom, de uma liberdade. E eu estava só. E naqueles momentos não precisava de ninguém. Preciso aprender a não precisar de ninguém. É difícil, porque preciso repartir com alguém o que sinto. O mar estava calmo. Eu também. Mas à espreita, em suspeita. Como se essa calma não pudesse durar. Algo está sempre por acontecer. O imprevisto me fascina.''
 — Clarice Lispector 


É isso, o imprevisto me fascina. O improvável, o imprevisível e tantos outros ''im'' no inicio de palavras que significam algo rotineiro. Eu odeio rotina. Odeio quase tudo que é sempre igual. Quase.
Bem pessoal, eu tenho levado a serio esse lance se viver bem sem precisar estar com alguém. E todos devem levar. Não é saudável ser feliz apenas quando se tem alguém do teu lado. A sociedade precisa conhecer ''o tal o amor-próprio''. Esse tal que pode afetar absolutamente tudo em nossas escolhas, e tudo o que somos. E algo que tem me revoltado é ver gente ao meu redor agindo assim.
Claro que precisamos de gente ao nosso redor, dos nossos amigos, a nossa família e etc. A questão aqui não é aprender a viver sozinho. É aprender a também ser feliz estando consigo mesmo. A lidar com a vida por si mesmo. É totalmente diferente. Acho tão deprimente gente que só fica bem se tiver um peguete pra baixar o fogo. É isso, fogo. Porque carência todo mundo tem e nem todo sai agarrando o primeiro cara que sorri pra você. E o que mais se vê hoje em dia é gente assim. A gente precisa aprender a contar com a gente mesmo. Precisamos aprender a nos dar o devido valor. A se conhecer e se fazer companhia. É tão triste precisar de alguém pra se sentir bem, pra ser feliz. Triste fazer com que a tua felicidade dependa dos outros. Não estou incentivando ninguém a ter ego inflado, nem a ser egoísta ou individualista. Odeio tudo isso. Mas a gente precisa aprender a se bastar. A nos valorizar. E essa falta de valorização de si mesmo, de desamor consigo mesmo faz com que as pessoas se prestem a papéis ridículos. É comum serem usados, desvalorizados e humilhados. Não seja brinquedo de ninguém. Ninguém é tão alguém pra fazer com que nos rebaixemos, com que nos humilhemos.
E aqui outro fato: a gente precisa se amar pra amar outras pessoas. Então vamos nos valorizar, nos amar, pra poder passar isso pras outras pessoas. É uma coisa que faz falta no mundo de hoje. A valorização de si mesmo. Faça a diferença.